setembro 15, 2012

Série: The Secret Circle Review

Eu não sei bem o que é, mas existe algo a respeito de bruxas no imaginário popular que nem o tempo é capaz de dar fim. Das criaturas sobrenaturais que povoam o inconsciente coletivo, elas são certamente aquelas que mais fazem sucesso e mesmo não estando em voga, nunca saem de moda. Seria isso algum tipo de feitiço ou maldição?

Aproveitando a onda interminável de adaptações literárias e o (inexplicável?!) sucesso de The Vampire Diaries, a CW resolveu apostar em um parente bem próximo de TVD, The Secret Circle, também baseada em uma série de livros escrita por L. J. Smith e que tinha bons ingredientes na sua mistura: bruxas (sobrenatural) e muito, muito drama adolescente. O que já era de se esperar do criador de Dawnson’s Creek, certo?

Porque não complicar ainda mais esses anos difíceis com (mais uma) descoberta?

Cassie Blake (Britt Robertson), nossa heroína, logo nos primeiros minutos da série perde sua mãe em um terrível incêndio acidental. Como não somos um lugar spoiler free, o que quero dizer com incêndio acidental é: fogo sobrenatural com ares de acidental para que o terrível plano dos vilões não seja descoberto. Enfim, isso significa para Cassie basicamente: vida nova. Casa nova (e carros, diga-se de passagem), um novo parente, nova escola e novos colegas.

Esses últimos, aliás, fazem parte de uma antiga linhagem de bruxos que recebem a chegada da colega como uma confirmação de que existe de fato um Círculo sobrenatural que os une e completa.

O que eles não sabem é que Cassie não tem qualquer conhecimento de que tem poderes e nem quando os descobre se sente lá muito empolgada. Isso porque sua mãe fez o favor de esconder esse pedacinho (e mais outros tantos) de informação. Todos comigo: mais uma?!

Mesmo depois que Cassie de fato resolve aceitar essa parte de si mesma, nada fica menos complicado com uma união que se equilibra na corda bamba e depende de tudo o que envolve a vida desses seis adolescentes: Cassie, Diana (Shelley Hennig), Faye (Phoebe Tonkin), Melissa (Jessica Parker Kennedy), Adam (Thomas Dekker) e Nick (Louis Hunter).


Diana e Faye estão em eterna disputa, mesmo que às vezes involuntariamente, quando Diana tenta ser a voz da sensatez/razão e Faye apenas deseja ligar o botão do f*da-se. Além dessas picuinhas bestas, Cassie ainda tem que lidar com sua errada atração por Adam, o namorado de Diana e só para piorar ainda mais, existe por aí uma lenda sobre suas famílias (os Blake e os Conants) estarem escrito nas estrelas, leia-se destinados a ficarem juntos.

Sim, já deu para notar que TSC é uma série que peca feio nesses momentos e movimentos piegas sobre amores proibidos e jogos de poder. No entanto é uma série que nunca esquece seu público alvo; os jovens.


E neles residem seus pontos mais fortes. Há tantas cenas que são feitas para o total deleite dessa galera (as gotas de água super gay) – mesmo que algumas tenham sido usadas em pontos questionáveis do enredo (episódio 18) e outras que gostam de dizer; "hei, estamos falando sério aqui" (ohh, o Nick morreu!).

Fora essas cenas, o potencial de alguns atores do elenco também sustentaram o encanto do show. Mesmo que a CW pareça estar querendo usar Britt Robertson como sua garota propaganda desde Life Unexpected, não gosto dela nem de sua atuação. Não acho que tenha sido muito acertada como protagonista ou sequer tenha conseguido melhorar ao longo da série, pelo contrário, quanto mais longe vamos chegando com os personagens, mais me desagrada. O ponto chave dessa temporada era ver Cassie se descobrindo – incluindo aqui o momento no qual ela descobre que faz parte de uma linhagem de bruxos que são pura Magia Negra.


E assim como ela seu par romântico, Adam, torna-se igualmente insuportável. Thomas Dekker não soube trazer carisma para o corretismo de seu personagem e o tornou um chato de galochas que tem cílios bonitos e só. Até mesmo Louis Hunter, que dava dó em algumas cenas, conseguiu ser mais interessante do que nosso mocinho.

Mas como eu sempre começo com as más noticias, as boas vêm agora. A CW não poderia ter encontrado jovens atrizes mais talentosas do que Phoebe Tonkin, Shelley Hennig ou Jessica Parker Kennedy.

A Faye de Tonkin sempre esteve perfeita na personagem fosse os momentos de ciúme, sagacidade ou ironia e com isso conseguiu roubar as melhores falas de todo o elenco. Além é claro, do cara mais gato, mas isso é outra história. Kennedy esteve um pouco a margem por ter tido menos tempo em cena do que seus colegas, mas soube tornar sua Melissa uma personagem interessante exatamente por ser, ao meu ponto de vista, a que mais teve uma vida realmente adolescente, com direito a se apaixonar pelo cara errado, ter um coração partido, se envolver com o que não devia (leia-se DROGAS).


Hennig, no entanto, foi mais além. Depois de vir à tela como a bobinha, dócil e inofensiva Diana, a transformação lenta e decidida da personagem exigiu e Hennig deu conta. Diferentemente de Dekker, Hennig acertou em mostrar uma pessoa com profundidade, que vacilava em suas escolhas como qualquer um de nós faz, mas ao tomar sua decisão, manter seus valores e sua identidade, o que é basicamente dizer "Parabéns! Você passou no teste, já pode se considerar um ‘adulto’".


Ainda no elenco tivemos Natasha Henstridge e Gale Harold como a dupla de pais vilões. Quer dizer, até agora nem sei mesmo se acho que os dois são vilões. Harold e seu Charles com certeza começaram com um ar de podridão que cheirava mal de longe (badass Charles ao ataque) e Dawn sempre agiu de uma forma muito suspeita, embora acredite que isso tivesse mais a ver com sua enorme inconformidade em ser uma bruxa sem poderes, já que eles lhe foram tirados depois do famoso e altamente citado aqui e ali, incêndio da marina.

E de qualquer forma suas ações (e interpretações) na series finale foi certamente dramática e surpreendente. Ponto para os veteranos!


Além disso, a entrada de Chris Zylka como o espião/agente disfarçado/caçador de bruxas e irmão mais velho de Nick só trouxe bons resultados. Não só para ocupar a vaga do irmão no Círculo (e elenco) como para mexer com a interação dos personagens, que passaram a agir mais intensamente ou simplesmente a agir, depois que ele foi empurrado para dentro de suas vidas.

O EPISÓDIO

TSC com certeza teve muitos episódios medianos e alguns seriamente tediosos, mas quando resolveu que iria nos entreter, ela o fez. No último quarto de vida, a série veio com um compasso mais rápido e louco e intenso o que rendeu ansiedade quanto ao desfecho da série e sua fatídica (não) renovação. Mas nada, nada realmente se compara ao que vimos em Witness. A introdução de novos arcos e a incrível parte em que os personagens Cassie e Jake (Chris Zylka) entram nas lembranças do rapaz para descobrir o que aconteceu no tal dia do incêndio da marina foram o suficiente para colocar a série de volta nos trilhos e dar mais um sopro de esperança para os fãs.


E quase todos os personagem entravam em uma nova fase a partir desse momento além de possivelmente ter feito um rombo nas finanças da série, pois as locações foram P-E-R-F-E-I-T-A-S.

TRILHA SONORA

TSC também contou com uma ótima trilha sonora indie/alternativa que misturava muito coisa meio dream pop, meio shoegazing, mas que no fundo tinha um ar mais electropop do que qualquer outra coisa e funcionou super bem com o clima elétrico e sobrenatural da série e dos personagens. O que talvez tenha sido contribuído pela quantidade de eventos sociais que aconteceram em Chance Harbor, mesmo que nesse quesito ninguém ganhe de Gossip Girl.

E sem contar com as brilhantes escolhas de canções para determinadas cenas. Uma das minhas preferidas é a primeira canção a tocar na série, Young Blood de The Naked and Famous. Depois de chegar ao fim da série percebi que muito do que acontece em toda a temporada pode ser resumido nessa cena inicial.

Cassie está dirigindo sozinha por uma estrada escura e canta esta canção junto com o rádio. TSC nada mais fez do que nos levar junto desses jovens pelos caminhos escuros de sua evolução ao som de música que pulsa e te dá energia. Diz se não é bacana?

We're only young and naïve still
We require certain skills
The mood it changes like the wind
Hard to control when it begins

Mas acredito que a melhor junção de roteiro e letra tenha sido feita no episódio 14, justo quando Adam e Cassie finalmente cedem a seus sentimentos.

So come and find me dizzy with the spell of our chemistry,
(Então venha e me encontre tonta com o encanto da nossa química)
You are a diamond, that fits into my heart so easily
(Você é um diamante, que se encaixa em meu coração tão facilmente)
We have the system for the stars, 
(Nós temos a fórmula para as estrelas)
To keep us safe and warm
(nos manterem aquecidos e salvos)
 Swoon - Big Deal

CONCLUINDO

A vida foi curta para as bruxas dessa vez, mas elas estão sempre por aí, esperando uma oportunidade para aparecerem nos mais espantosos lugares (hã, Smallville teria muito a dizer sobre isso). Infelizmente para The Secret Circle a magia não foi forte o suficiente para vencer os corações mais incrédulos e menos impiedosos. Mas sabe, para um drama sobrenatural adolescente, TSC até que foi bem, afinal de contas, podia nem ter saído do papel. Literalmente dessa vez.


JÚRI FINAL

- Nota: 6/10 – mais um pouquinho e ela conseguia passar de ano.
- Ícone: Faye Chamberlain – a melhor BFF disfarçada de menina má.
- Créditos: A ideia dos corvos voando foi uma boa sacada, pena que só quem leu os livros ou chegou até a segunda metade da série entendeu.
*P.S.: Segredos de família não são exclusividades das novelas ou doramas. Quando você menos espera, lá vem seu pai (supostamente morto) e sua meia-irmã.
 
BANCO DE DADOS

*Título Original: The Secret Circle
*Nome Alternativo: TSC
*Produção: Andrew Miller, Kevin Williamson
*Adaptação: Literária (The Secret Circle L. J. Smith)
*Estilo: drama teen, fantasia, live-action
*Emissora: The CW
*Temporadas: 1
*Episódios: 22
*Ano: 2011

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