dezembro 05, 2012

Nova York: A vida na grande cidade - Will Eisner

"Nova York: A vida na grande cidade e Cadernos de tipos urbanos são compostos de vinhetas que registram, a partir do cenário da cidade, aspectos do dia a dia de seus habitantes. Esses breves vislumbres iluminam com delicadeza desde as situações mais cotidianas até as reviravoltas mais trágicas". É assim que o livro Nova York: A vida na grande cidade de Will Eisner se apresenta.

Composto por quatro graphic novels distintas criadas por Eisner entre 1981 e 1992, o livro me impressionou desde o primeiro desenho. Por mais que tivesse lido o excerto acima e a introdução, Nova York uma Introdução escrita por Neil Gaiman, os traços de Eisner narram histórias, momentos que retratam (e muito bem!) cidades grandes, qualquer que seja.

Nos registros estão as peculiaridades da "Big Apple" e o sentimentalismo do autor, como até é meio que criticado por Gaiman - no que eu não concordo, Eisner é nova-iorquino, claro que há sentimentalismo! Eu não esperava algo diferente. Mas a questão é que a maioria das situações podem ser classificadas como universais, como afirma o próprio Will Eisner em Introdução a Nova York: a grande cidade quando diz “propus-me a compor, aqui, uma série de vinhetas construídas ao redor de nove elementos que, reunidos, são retrato de uma grande cidade... qualquer cidade”.


Não é só na primeira graphic novel, Nova York: a grande cidade, que temos exemplos da vida na metrópole (e em uma grande cidade). Esta primeira em conjunto com os outros três "cadernos" que compõem o livro, traçam um panorama original e sensível da vida que se esconde e pulsa por detrás de toda grande cidade, como é bem falado na parte de trás.

Outra coisa que foi citada por Gaiman em seu texto introdutório, e acabou me deixando mais atenta durante a leitura, foi quanto à brutalidade e a indiferença percebida nas histórias. Mas até aí, na minha opinião, há sentimento, o sentimento de perceber aquilo como brutal, como indiferente tanto quanto uma cidade pode ser, para usar algumas palavras de Gaiman. É tudo tão cru que às vezes te pega desprevenida(o). Não foram poucas as vinhetas em que me senti angustiada e até chorei, como em ‘Hora da Janta’ na seção ‘Degraus’ ou em ‘A Fonte’ no ‘Lixo’, ‘Hidrante’ e ‘Esgotos’ em ‘Sentinelas’, ‘Liberdade’ em ‘Paredes’, todos dentro da graphicNova York: a grande cidade’. Ou com as histórias de O Edifício e Pessoas invisíveis, ou ‘Tempo emprestado’ do Caderno de tipos urbanos.

Graphic novel "Pessoas Invisíveis"

Will Eisner foi um gênio e conseguiu captar a essência de coisas inclusive que às vezes já se tornaram invisíveis há anos, por mais que estejam ali todos os dias (ou talvez por isso mesmo), e sobre as quais nem reparamos quanto mais refletimos.

E talvez seja um retrato tão bom exatamente por essa essência que está em toda cidade grande, ora, eu, aqui em Belém, Pará, Brasil (onde nasci e vivo a 24 anos), consegui me identificar por exemplo no ‘Caderno de tipos urbanos’ com ‘Dia’, ‘Noite’, ‘Tempo interno’, ‘Envolvimento VS Espaço’, ‘Relações espaciais’, ‘Astúcia das ruas’, ‘Ruído da cidade’, ‘Solidão’, ‘Rua vazia’, ‘Rua raivosa’, ‘Rua triste’. Todas situações que eu acredito, no meu mínimo conhecimento de mundo, estarem presente em qualquer cidade grande.

O livro Nova York: A vida na grande cidade, lançado em 2009 pelo selo Quadrinhos na Cia, é de autoria de Will Eisner com tradução realizada por Augusto Pacheco Calil.

Imagens: Biblioteca Municipal "Menotti Del Picchia"; Terra Zero

2 comentários:

  1. E Miyagi faz sua grande estréia! Tá vendo, eu aqui tagarelando sobre as novelas e ela me vem com WILL EISNER.

    O meu Daniel-san interior ainda tem mesmo muito o que aprender

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  2. hey, aparentemente esse texto não foi escrito pela querida "fangirl" que tanto gosto de ler... porém vejo mais um post com muita qualidade!!

    simplesmente adoro Graphic Novels, qdo tem essas coisas de "Fest Comix" aqui em São Paulo eu fico louco, um dos poucos lugares onde "promoção" realmente atrai meu instinto consumidor!

    Costumo fazer uma listinha de graphics, e raramente consigo comprar tudo, mas sempre tento levar pra casa o máximo possível de hq's que meu dinheiro permitir ali... depois desse texto, com certeza procurarei o livro-coletânea do Will Eisner, ou pelo menos alguns dos volumes separados :))

    songsweetsong.blogspot.com

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