maio 24, 2013

Através dos olhos de Maxon Schreave, o Príncipe de Kiera Cass

"Faltavam apenas cinco minutos para o meu futuro se desenrolar diante dos meus olhos, e eu estava prestes a vomitar a qualquer momento”.
Príncipe Maxon

É exatamente nesse trecho que descubro um carinho enorme por uma personagem que julgara "café-com-leite" não faz muito tempo. E até agradeço por ter a oportunidade de mudar de opinião, tudo graças a essa mania de "conto da saga-literária-do-momento".

Já virou quase que norma ter algum material especial para aguçar a curiosidade (e mexer no bolso, vai) dos leitores de sagas literárias. Não seria diferente para A Seleção. Kiera Cass, a autora, nos presenteou então com um conto narrado completamente pelo “prêmio” principal da Seleção, o evento que dá nome à trilogia; Maxon Schreave, ou melhor, o Príncipe.

E considero muito importante essa distinção, pois é exatamente o que vemos nestas páginas. Maxon, mesmo sendo herdeiro de uma coroa, é acima de tudo uma pessoa, um jovem com sonhos, ideais e sentimentos, mas dificilmente é tratado de acordo ou reconhecido como tal.

A Seleção foi criada, obviamente, como uma manobra política populista – casar o príncipe herdeiro com uma plebeia, tem como ser mais baixo?! – e Maxon tem plena consciência disso, mas nada impede que ele encare toda a pressão de encontrar uma princesa, não apenas isto, mas também encontrar uma companheira. Um amor. Seria isso sequer possível?

Este conto mostra muito bem como Cass consegue equilibrar em uma história que poderia ser considerada por muitos, rasa e clichê, temas e questionamentos pertinentes em muitas escalas. Não temos apenas fanservice, você sabe, quando o autor nos dá exatamente o gostinho do que queríamos. Temos aqui um pouco mais daquilo que mais gostei nesse universo; o entremeado político e os questionamentos éticos não só do método de escolha, mas também do que mantém essa sociedade uma distopia.

Maxon Schreave não é nem um pouco ideal para os cargos que lhe esperam; gestor, rei, namorado, revolucionário, que seja. Cite o nome: ele não está pronto para isso. O que o torna um personagem rico, cheio de potencial para evoluir junto com a história e nos dar a chance de escolher nosso próprio herói, pois não é sempre que temos essa oportunidade.


O segundo livro da trilogia, A Elite (The Elite), deixa bem claro esse cenário. Nunca antes em uma série desse estilo, me vi quebrando a cabeça para descobrir quem de fato a escritora está me dizendo ser o dono do coração de nossa heroína.

Cass parece estar decidida a subverter os conceitos de cada nome que usa. Nossa heroína, America, é mesmo a representação da força de vontade arraigada na cultura norte-americana? Um povo mestiço que cresceu com o trabalho de quem começou de baixo? A Seleção é apenas a escolha do Príncipe, ou esta trilogia está mesmo querendo nos dizer que quem escolhe quem aqui é America e não Maxon? E afinal, é o homem, ou a coroa que elas pretendem ganhar?

Repare como parece uma versão de “quem veio primeiro, o ovo ou a galinha”. Cada parte do questionamento tem razão de ser, mas a melhor parte não é mesmo o mistério de nunca saber a verdadeira resposta? Bem, pelo menos isso é o que suponho.

A trilogia A Seleção tem dois volumes lançados oficialmente no original e na versão traduzida para o português, A Seleção (The Selection) e A Elite (The Elite), lançadas no Brasil pela editora Seguinte (Companhia das Letras).

O conto O Príncipe (The Prince), situado na linha temporal de A Seleção, o primeiro volume da série, foi lançado apenas em formato digital (e-book). No Brasil, a editora Seguinte, oferece o exemplar eletrônico gratuitamente para todos aqueles que tiverem cadastro no site da editora. E quem não tiver pode fazê-lo a hora que quiser. 

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