novembro 20, 2013

Abertura de Innocent Love

Descendente direto (produção, direção, roteiro) de Last Friends, outro dorama japonês que possui uma abertura interessante, mas totalmente insípida se comparada com a do drama citado anteriormente, é Innocent Love (イノセント・ラヴ), cuja abertura é um verdadeiro resumo de tudo o que se está prestes a ver no desenrolar do enredo.

Embalada por uma das versões descartadas da canção Eternally de Utada Hikaru, que mais tarde recebeu o subtítulo de Drama Mix, o ritmo da sequência de abertura segue mais lento que o normal – assim como a série inteira – câmera-lenta possivelmente. Acompanhamos o mocinho Nagasaki Junya (Kitagawa Yujin) correndo pelas ruas de Yokohama, passando por lugares, ás vezes por pessoas (na verdade os outros personagens), até chegar aonde queria, ao encontro de Akiyama Kanon (Horikita Maki), a mocinha sofredora-come-o-pão-que-o-diabo-amassou-com-um-sorriso-no-rosto.

Alguns personagens não são mostrados diretamente “no caminho” de Junya de forma literal. Algumas partes são mostradas entre a saída dele e sua chegada, mas não necessariamente no caminho pelo qual ele corre. É mais como se a abertura estivesse dizendo que ele precisam passar por todos esses obstáculos para finalmente se encontrar a sós com Kanon. Eu disse “ele” pois, quem faz toda a força (corre) é Junya, já que Kanon apenas o espera sentada nos degraus da Igreja, outra analogia para o que ela faz o drama inteiro, espera passivamentepacientemente que ele venha até ela.

Muito embora, a sequência inteira misture o roteiro e a cena principal do episódio final, quando depois de finalmente se lembrar de Kanon, agora sua esposa, Junya, corre atrás dela sabendo exatamente onde ela deve estar; na Igreja – símbolo do foco central do drama, a religiosidade cristã.

Cada personagem recebe uma palavra chave quando surge na tela, já nos dando pistas do que lhes acontecerá na historia inteira, mas nem sempre fica bem claro o que elas querem dizer. Por isso mesmo, vamos tentar desvendá-las agora.

SEQUÊNCIA

  • Kanon | destiny
A câmera abre com as torrinhas da Igreja e vão descendo para mostrar Kanon, sentada, esperando. A palavra que a vem definindo é destiny (destino). Será o destino de Kanon o que veremos em seguida, ou talvez, ela seja a representação do destino de alguém?


Vale lembrar que em muitas culturas a ideia de destino é imutável, aquilo que tiver de ser será, independente do que você faça para querer alterá-la. Um pouco triste isso não? Então não importa se eu acordar e fizer algo de produtivo na vida, ou ficar em casa na cama, assistindo TV o dia inteiro – minha vida terminará do mesmo jeito?

Será por isso que Kanon só faz esperar? Vai ver alguém lhe contou que no episódio 10 ela finalmente conseguia o seu “felizes para sempre”.

  • Junya | memory
Depois vem um apressado Junya. Sua palavra é memory (memória).


Nem precisa pensar muito. Junya é a representação clássica da pessoa que se agarra às lembranças. Começa o drama cuidando incansavelmente de sua comatosa noiva traíra (não que ele saiba disso), Toono Kiyoka (Uchida Yuki), certo de que ela acordará um dia e poderão retomar a vida juntos.

Mesmo depois que Kiyoka de fato acorda, ele continua agarrado às boas lembranças que tinha dela, só para descobrir que ela não pretende ficar a seu lado de jeito nenhum. O drama prossegue com o rapaz tentando esquecer seus sentimentos por ela, até que consegue e por fim dá uma chance a si mesmo e a Kanon.

A sacanagem maior é que lá pelo fim, o herói perde todas as suas lembranças recentes, ou seja, Kanon, e volta ao tempo em que vivia e respirava Kiyoka 24/7. Suas lembranças voltam por fim e nesse momento, Junya põe-se a correr em busca de Kanon, exatamente como vemos aqui.

E falando em Kiyoka, é ela quem vem em seguida.

  • Kiyoka | betrayal
Sua parte é feita fora a parte, em um cenário que me faz pensar em um iglu – vários tijolos de gelo. Acredito que tenha sido intencional, já que o ambiente gélido possa estar indicando o estado de Kiyoka – em coma – e o único sinal que temos de que ela é peça importante nessa história, é quando ela abre seus olhos.


A palavra chave, que inicialmente ficava na parte de baixo da tela e depois foi colocada para cima, por ser impossível de entendê-la, é betrayal (traição). E sim se você pensou em "traíra traidora que trai", acertou. Ela não somente traiu Junya com outro homem, como traiu tudo que eles tiveram juntos, já que nunca o amou verdadeiramente.

Note bem que durante essa parte, vemos uma aliança quicando no chão – um belo lembrete do laço que estava prestes a unir esses dois. Sério, Junya deve ter ficado muito feliz no final das contas, pensa no trabalho que dá para se divorciar! E fora que uma vez casado na Igreja, não dá para voltar atrás, quero dizer, na parte religiosa da coisa.

Seguimos com Kanon, que começa a rezar com as mãozinhas juntas, corta para Junya em uma encruzilhada.

  • Subaru | denial
Enquanto decide qual caminho tomar, vemos Segawa Subaru (Narimiya Hiroki) observando-o de longe, assim como a personagem faz durante o drama. Subaru é a única constante na vida do amigo Junya. Sua palavra chave é denial (negação) e conceitua mais do que simplesmente Subaru.


Temos primeiramente o fato de ele ser homossexual não assumido – negando sua sexualidade indiretamente, já que não há ninguém no drama questionando isso. Há também o fato de Kiyoka ter traído Junya com Subaru, mas nunca ter pretendido ter com ela um relacionamento de qualquer espécie (oficial, ou às escondidas). Pensando nisso, acho até bem confuso que eles tenham dormido juntos, pois além do que já foi dito, Subaru também é apaixonado por Junya.

Ô carinha enrolado viu!

  •  Yoji | sacrifice
Corte. A câmera agora se aproxima de uma janela. Lá dentro está Akiyama Yoji (Fukushi Seiji), o irmão de Kanon. Ele começa a história como o onii-chan injustiçado, já que Kanon acredita firmemente que o crime pelo qual ele está cumprindo pena (assassinato de seus pais), o irmão não cometeu.

De inicio Yoji parece ter sim culpa no cartório, mas com o andar da história percebemos que sua palavra-chave não existe por acaso. Sacrifice (sacrifício) ilustra bem suas ações, já que não somente o assassinato não foi intencional (culposo), mas que apenas ocorreu porque ele estava tentando proteger Kanon.


Amo mesmo a interpretação de Fukushi nos dois últimos terços do dorama, evolução pura.

  • Ikeda | disclosure
Deixamos a janela para trás e corta para um caderno de notas onde alguém escreve truth (verdade). Não, essa ainda não é a palavra-chave. Lendo jornal em um banco de praça ali próximo, está Ikeda Jirou (Toyohara Kosuke), o jornalista que não mede esforços para descobrir a verdade por trás do caso de Kanon e Yoji.

Ikeda tem um método invasivo que pouco me agrada, embora a reação negativa seja abrandada ao descobrirmos outra razão para que ele se empenhe tanto em revelar todo o drama da família Akiyama. Consumido pela culpa de não ter evitado o suicídio de uma vitima cuja história ele cobriu para a revista na qual trabalha, Ikeda persegue os Akiyama até produzir a revelação (disclosure) que tanto busca. Eis nossa palavra chave.


O repórter caminha e desaparece pouco antes de voltarmos para Kanon, que segura um crucifixo na mão aberta.

  • Mizuki | jealousy
Seguindo temos a professorinha mais maligna que já se viu, Sakurai Mizuki (Kashii Yu). Amiga de infância de Junya, a professora nutriu durante muito tempo uma paixão platônica por ele e, como manda o figurino, nunca revelou seus sentimentos que com o tempo tornaram-se uma espécie de obsessão.

Na abertura, Junya passa correndo por ela, que o espera com um sorriso no rosto, mas ao vê-lo passar sem notá-la, ela muda para uma expressão pétrea e sopra a vela que segura. Jealousy (ciúmes) é a palavra que surge.


É a melhor definição para a personagem que não aprova Junya se envolvendo com mulher alguma que não seja ela mesma, tendo sido capaz de tentar matar a noiva comatosa e ameaçado Kanon.

Além da igreja do inicio da sequência, outros símbolos católicos aparecem enquanto Junya corre até  finalmente chegar ao encontro de Kanon. Ele oferece a mão a jovem e ela aceita – mais simbolismo do que isso impossível. Sim, sim, eles se casam no final do drama, lembra?

Como havia dito no inicio, acho interessante como eles conseguiram resumir a história só nessa sequência, e eu simplesmente contei tudo de importante que se passa no drama só falando sobre a abertura, hehe. Infelizmente a produção não teve carisma para retirar o tom artificial que fica do projeto – tudo muito bonito, muito bem feito, mas que não convence e nem agrada.

Portanto, tenham cuidado com certos programas, que nos iludem com chamadas divertidas e aberturas interessantes. Nem sempre o conteúdo final faz juz à expectativa.

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