julho 05, 2014

Dorama: Innocent Love Review

Quando uma pessoa perde quase tudo o que tem na vida, desde os bens materiais até pessoas queridas, como ela consegue seguir em frente? E seguindo, que tipo de pessoa ela se tornará? Acreditará ela em algo maior do que si mesma, ou o contrário? Essas perguntas não são exatamente indagações propostas por esse show, mas sim aquelas que me fiz ao imaginar a heroína dessa história.

Em Innocent Love (イノセント・ラヴ) somos apresentados logo de cara à nossa heroína, a doce Akiyama Kanon (Horikita Maki a interpretação passiva em pessoa) justo no momento em que sua casa está pegando fogo. Anos se passam e voltamos a encontrar Kanon que vivendo humildemente tenta continuar a vida mesmo tendo que carregar o fardo de junto à seu irmão serem vistos como os assassinos de seus pais – Yoji, o irmão, tem estado na cadeia há anos.


Cansada do estigma, a jovem muda de cidade, passando a trabalhar como faxineira/diarista e por coincidência se apaixona por seu patrão, Nagasaki Junya (Kitagawa Yujin), um jovem músico que dedica sua vida 100% a cuidar de sua noiva, Toono Kiyoka (Uchida Yuki em um papel complicado), que está em estado vegetativo.


Só nessa introdução podemos sentir que o dorama não é nada leve e ainda por cima se envolve em temas polêmicos por natureza, mas que acabam ficando com um peso ainda maior pela ênfase religioso cristão do show. Suicídio, homossexualismo, violência, entre outros, são apenas alguns desses temas.

E é mais ou menos por aí que o drama peca. Com tantos assuntos carregados, o clima nunca deixa de parecer forçado num bom dia e obviamente exagerado num ruim, como por exemplo, o grande segredo do melhor amigo do nosso mocinho, Segawa Subaru (Narimiya Hiroki).


O chororô quase não para e as personagens se dividem entre se remoer de culpa e se remoer de tristeza. Assistir à esse dorama é um esforço enorme, pois não se escapa do tédio, da má interpretação e consequentemente de momentos de dar dó, e isso não é no bom sentido. Principalmente quando todos nessa história precisam de terapia para ontem.

Mais terrível ainda é a quantidade de cenas onde a morte é abordada, pois aqui ela serve de estepe para tudo. Pessoas pensam em suicídio diversas vezes, há várias tentativas de assassinato e alguns acidentes de percurso graves. De alguma forma, soa como uma ovação ao fim da vida.

Sakurai Mizuki (Kashii Yu), a vilãzinha, beira tão perto da psicopatia com as diversas tomadas assustadoras de seu rosto impassível e suas atitudes condenáveis que não sei como não fiquei assustada quando em sua última cena, ela aparecia rodeada por crianças.


Há também os métodos questionáveis pelos quais o repórter da história, Ikeda Jirou (Toyohara Kosuke), pretende desvendar os mistérios que rondam o assassinato dos pais dos irmãos Akiyama, que mais tarde rende ainda mais polêmica, desgraça e chororô. É uma das partes mais esgotantes, pois revela um acontecimento sério só que dessa vez bem executado, que por isso mesmo é tão terrível.

Além de Uchida Yuki que dá um dobrado na interpretação exigente de uma cretina comatosa muda, só quem se salva mesmo com um arco interessante e bonito em sua profundidade é o irmão de Kanon, Akiyama Yoji (Fukushi Seiji), que inicialmente interpretado com um tom errado (a meu ver por causa do roteiro), vai se achando no meio do caminho, cresce a cada episódio e termina a história como a melhor parte da soma.


A CENA

O excesso de cenas forçosamente chocantes me faz escolher uma mais calma, embora uma das mais pesadas seja a minha preferida.

Em um determinado momento Kanon, que tenta tocar o piano, é surpreendida por Junya. Envergonhada ela tenta disfarçar sua vontade de tocar, mas Junya resolve ensiná-la. A canção que Kanon tenta tocar é Itsukushimi Fukaki (いつくしみ深き) e o músico aproveita e explica o seu significado. A relação com Deus abordada na letra é extremamente similar a como ambos, Kanon e Junya levam suas vidas, sempre buscando à Ele nos momentos de dificuldade, mas acima de tudo o que vemos na cena é que finalmente os dois encontram em mais algum lugar além de em sua fé e crença, um certo conforto.


Aquele que vem da proximidade, da afinidade que se tem com outro ser humano e que muitas vezes não percebemos, mas são perceptíveis na forma como nos aproximamos da outra pessoa seja nos assuntos que formam nossas conversas ou apenas na tranquilidade de um contato físico ou do quão perto chegamos disso.

TRILHA SONORA

Innocent Love tem uma das trilhas – instrumentais – mais belas que já ouvi, embora seja demasiada tristonha. Cada faixa tem sua beleza, pena que ela se perca quando executada no drama, pois são mal utilizadas e elevam à mil a sensação de entrave e manipulação excessiva de muitas tomadas.

O uso interminável de quebra de som total em algumas cenas, para depois ser seguida por uma das músicas é desgastante para não dizer amadora e irresponsável. Ter que presenciar a ruína dessas composições é uma verdadeira afronta.

Felizmente a faixa não original, Eternally de Utada Hikaru, uma das versões que a própria cantora fizera para seu álbum Distance, mas que acabara sendo descartada – ausente na trilha oficial –, que também é abertura do show, consegue se salvar e não irritar ninguém mesmo tocando religiosamente *ba dum tssh* todo fim de episódio.

CONCLUINDO

Mesmo sendo um drama super produzido, com um visual simples, mas que se impõe, mais pela forma como é filmada do que por qualquer outra coisa (ok vai, a iluminação é interessante) dando mérito total a direção de Kato Hiromasa e Matsuyama Hiroaki, o roteiro sufocante derruba tudo.

Demorei para sair de um episódio e começar outro, dirá fazer os recaps, o que faz dele classificável em CRÉU na velocidade 1 para Innocent Love – quase que um irmão de Kiyoka em sua fase pós-coma, se arrastando pelo chão para conseguir alguma coisa.

IMAGENS ALTERNATIVAS


JÚRI FINAL 

- Rir ou Chorar? Chorar, com certeza. Ou então se contorcer com tanta desgraça.
- Créditos: Interessante. A abertura é bonita, pena que foi cortada na maior parte do tempo.
- Vou Seguir: Narimiya Hiroki. Ele é sempre sinal de coisa boa, mesmo que não faça nada e só embeleze o ambiente.

*P.S.: Sabe quando as pessoas ficam dizendo coisas como “é para o seu próprio bem”? Dê um crédito a elas de vez em quando, principalmente se você tem uma relação mal resolvida com seu passado.

BANCO DE DADOS 

*Título Original: イノセント・ラヴ
*Nomes Alternativos: Innocent Love
*Direção: Kato Hiromasa e Matsuyama Hiroaki
*Roteiro: Asano Taeko
*Estilo: j. dorama, melodrama, romance,
*Emissora: Fuji TV
*Episódios: 10
*Ano: 2008


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