fevereiro 08, 2015

Perfil: Tiago Iorc - Part. 1

Fangirl espera uns minutinhos que faltam para ir para o trabalho zapeando na TV. Por fim para na Mtv. Ela leva um minuto para decidir se muda ou não de canal. A camisa que o entrevistador está usando é ótima. De repente ela percebe que o cara que ele entrevista é bonitinho. Click – 10% de atenção roubada. O nome do rapaz é Tiago Iorc, e ele se expressa de uma forma tão adoravelmente lenta e displicente, com pausas e o microfone tão longe que mal se consegue ouvir o que ele diz.
Click – 30% de atenção. Ele toca um soft rock, também chamado pelo VJ de “música fofa”. Click – 60% agora. Ela aguenta esperar mais alguns minutos (bah clipes 6 e 5) e do nada aparecem imagens do Sr. Iorc num concerto na CORÉIA DO SUL - click-click-click – 100%. Voltamos para o estúdio multicolorido e tudo o que ela consegue pensar é: Ei, não é aquele cara da mensagem da Miyagi?

*Fuçando as mensagens do celular que não usa desde 2010*
[SMS]
Fangirl: Ah sei quem é. Legal a música. Ele fofo, todo japinha [...]
Mr. Miyagi: [...] e como assim o Tiago Iorc é japa? [...]

E é a partir desse momento que o cantor passa a fazer parte da vida das midiaholics da casa. *amém*.

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Num primeiro momento pode não parecer, mas Tiago Iorc (encurtado de Iorczeski) é brasileiro sim – nascido em Brasília e radicado em Curitiba. O sobrenome diferente é herança dos avós poloneses e a mania de cantar em inglês é simplesmente força do hábito e do conforto já que o rapaz morou parte da infância e adolescência na Inglaterra e EUA.

O jeito simples e o ar acanhado de Iorc parecem não tê-lo abandonado, embora a maturidade como artista fique cada vez mais clara.

Inicialmente convidado pelo selo “alternativo” da Som Livre, a SLAP Music, a terminar uma demo que mais tarde viria a ser Nothing But a Song e faria sucesso na trilha sonora de Malhação, Iorc acabou com uma proposta para um álbum, e entrou em estúdio com poucas semanas de preparo e nenhuma experiência.

O álbum em questão é Let Yourself In e apresenta um Iorc simplesmente adorável. Acessível, fácil de ouvir, descomplicado. A primeira visão que se tem do cantor é um pop descontraído e acertado e caso vocês queiram saber mais sobre o álbum podem ler a review completa aqui.

Muitas canções de Let Yourself In foram parar em outras trilhas sonoras e deram ao cantor um certo nível de exposição e popularidade. Tanto é que mesmo com o álbum lançado em 2007, Iorc permaneceu sendo visto na mídia até meados de 2010 (e nós agradecemos muito por isso).

E é principalmente 2010 que nos dá indícios de que o cantor está preparando cuidadosamente o próximo álbum e deixa no ar (ou na nuvem, como queiram), registro de uma canção sua que até hoje nunca foi lançada oficialmente, chamada The Finest Rescuing Flame.


Um dos motivos de sua continua exposição também pode ser atribuída a sua bem sucedida incursão no mercado asiático. O primeiro álbum acabou sendo lançado no Japão (com direito a capa especial e tudo), Coréia do Sul e Filipinas, em 2009 e 2010 respectivamente. Curiosamente, uma das faixas de Let Yourself In (Fine) também foi parar na trilha sonora de um dorama sul-coreano (Personal Taste) e a recepção à música foi tão boa que Iorc se viu fazendo uma turnê promocional em Seul ainda em 2010.

Com “exposição” não quero dizer que o cantor estava constantemente sendo visto na tela pequena, em todo santo canal a cada dez minutos. Não mesmo. Fato é que para um artista iniciante e pouco conhecido, o rapaz volta e meia aparecia por ai, mantendo seu nome no ar e na memória seletiva das pessoas.


Finalmente, no segundo semestre de 2011, é lançado Umbilical, o segundo álbum de sua carreira. E a mudança de som, não necessariamente drástica, embora óbvia, trouxe mais benefícios do que malefícios ao cantor.

Não somente as fãs, mas também os críticos pareceram dar-se conta que Iorc não era nenhum protótipo de ídolo adolescente. O visual um tanto desgrenhado que ele adota nessa fase assim como o som pop mais delicado e ao mesmo tempo mais agressivo – diria que o mais certo mesmo é melancólico – também pareciam indicar que o cantor agradecia, mas renunciava á honra de estampar as paredes dos quartos de muitas mocinhas.


O novo álbum apresenta produção gringa (Andy Chase), capa desenhada pelo irmão do músico (Rodrigo Iorczeski), e novamente faz preferência pela língua inglesa nas onze faixas de seu total, além de manter a mesma tendência do primeiro CD; a de nos fazer lembrar de outros artistas aqui e ali enquanto ouvimos ao álbum. E pode não parecer, mas isto não é algo particularmente ruim, pois contrário a muitos outros artistas de sua geração (ou até antes), ele não soa como se estivesse tentando imitar seus colegas de profissão.

Credenciamentos à parte, o mais interessante de Umbilical é mesmo o casamento perfeito entre melodia e letra. Indico as músicas If Everything Is Worth It, Patron e Story of a Man, todas cheias de versos singelos e solos e pontes e caqueados vocais que me encantam.

Mas tenho um carinho especial por Ducks in a Pond e Just So You Know. A primeira (assim como a capa do CD) foi inspirada pela leitura de Um Novo Mundo – O Despertar de uma Nova Consciência (Eckhart Tolle) e a segunda simplesmente tem cara de confissão e pinta de Radiohead que eu não tinha como não gostar.

2012 passou voando com a turnê de divulgação de Umbilical e logo 2013 chegava. O ano marcou o retorno do cantor ao palco do festival SWXS, novas músicas e parcerias. O primeiro single do ano foi It’s a Fluke e apesar de curto, o arranjo belo e a voz sempre aconchegante de Iorc definiram que ainda havia muita coisa boa por vir. Logo depois foi lançada Música Inédita primeira canção em português com direito a participação especial da cantora e parceira de selo, Maria Gadú.

E aqui comento sem tentar ser anti-Brasil nem nada, que o fato de estar acostumada a ouvi-lo cantar em inglês parece ter acostumado muito mal meus ouvidos, pois não gostei muito da música em um primeiro momento. E para confirmar essa ideia, também recebi mornamente o lançamento seguinte; Forasteiro com participação de Silva.

O bom disto é que passado o estranhamento inicial, as canções tomam mais e mais cara do Iorc que gostamos de ouvir, só um tantinho mais pop, principalmente nas duas últimas canções citadas.


Depois dessas doses homeopáticas do novo trabalho, o álbum inteiro é lançado em julho e “simboliza o reencontro, um retorno ao que sempre foi, mas que ainda não havia se manifestado. Um autorretrato revisitado e atualizado” (Iorc, 2013).

Zeski é ótimo e ponto final, mas algo nele nos dê uma impressão estranha a respeito desse tal “autoretrato” do cantor. Das 11 faixas, quatro são cantadas em português (os singles citados anteriormente e mais um cover de Legião Urbana) e são aquelas da pitada pop do álbum. Boas, mas ainda assim inofensivas. As quatro faixas são devidamente empurradas para o final do álbum, logo após o muro divisível que atende também pelo nome de Zeski - a faixa de número sete, já que combinam pouco com o folk das músicas cantadas em inglês que formam a primeira parte do álbum.

Não, o álbum não possui dois CDs, mas a maneira como as canções foram listadas parecem nos mostrar que o cantor, apesar de estar em solo brasileiro ainda não tem tanta intimidade assim com a língua e que ambos (inglês e português) são universos distintos. Não à toa Tiago soa muito mais Iorc do que Zeski – se é que dá para entender o que quero dizer.

E por isso mesmo meu coração permanece com a primeira metade do álbum, a parte que me faz pensar em canções de Iron & Wine e Mumford & Sons. Que me inspira sonhos, que lembra manhãs frias e raios de sol tímidos, que te dá vontade de sorrir e cantar para alguém durante uma viagem de carro ou assoviar no meio do caminho.

What Would You Say e It’s a Fluke são absolutamente lindas e nada do que eu diga vá poder combinar com o número enorme de sensações boas que essas canções transmitem, e o quão impactante elas se mostram num show.

Yes and Nothing Less é sem sombra de dúvidas, minha preferida e tem um dos clipes mais redondos e bem casados com a letra que Iorc já lançou até hoje, seja pela delicadeza do que se canta ou pela acertada parceria entre ele e o diretor & fotógrafo Rafael Kent, também responsável por boa parte (se não todas) das imagens promocionais desse 3º álbum.


Mas é provavelmente Shelford Road aquela que diz tudo o que esse álbum queria dizer sobre o amor, a vida e o próprio artista.

2013 é fechado com o lançamento do single Sorte cujo videoclipe é montado a partir de depoimentos de fãs respondendo à pergunta: “O que te dá sorte na vida?”. A produção conjunta de Fernando Deeplick ajuda a dar uma roupagem nova a essa canção, tão amplamente lembrada na voz de Caetano Veloso.

Já 2014 marca a primeira vez que Iorc vira notícia por causa de boatos e não por sua música. Durante viagem ao exterior, foto(s) que o cantor posta em uma de suas redes sociais é comparada a outra(s) da atriz Isabelle Drummond e a internet inteira desvenda o mistério no coração do cantor: ele está amando.


O cantor confirma a relação em meados de fevereiro, mas é somente dois meses depois, durante o lançamento da novela Geração Brasil, da qual a atriz participou, é que ela assume o relacionamento aparecendo ao lado dele durante o evento, salpicando Iorc de beijos.

Ele segue 2014 em turnê Brasil afora (Voz e Violão), mas nem por isso quer dizer que vai parar de nos encantar com o talento que tem (de sobra). Fiquemos atentos para o que mais ele ainda tiver para nos oferecer, pois tenho certeza de que será coisa boa. E vocês?

Fonte: Site oficial do cantor (nas versões antigas) | Imagens: Blog Tiago Iorc; Tiago Iorc Oficial; Instagram/TiagoIorc; Instagram/Yeuxpapillon

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